segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Eu enxergo cinza

- É verdade que você é Daltonico?


- Sim.


- Sério mesmo?


- Porque?


- Sei lá... é estranho encontrar alguém com seu... er... problema.


- Até que é bom ser daltônico.


- Como assim?


- Pense naquela memoria antiga que é preto-e-branco boa, que você sente saudade. É uma nostalgia que você quer que volte?


- Sim.


- Nós somos nostálgicos do presente, nossa saudade é do tempo que está passando e que sempre chega. Não ficamos preso no cinza do passado, mas sim no cinza do presente, onde tudo acontece.


- Isso porque você não sabe a graça de ver as cores.


- Por causa delas que a raça humana se acha diferente dela mesmo, por uma cultura diferente e por uma cor de pele se acham plenos e únicos, mal sabem que todos na verdade são cinza.


- Você acha que tudo só se resume ao cinza, ao preto e branco. Há mais no mundo, como o azul do céu do mar, o verde das plantas, o vermelho do sangue.


- O mundo é feito da mesma coisa: Atomos. Então porque tudo não pode ter uma única cor. Se você visse o mundo cinza que eu vejo, veria que não há diferença entre um cão e um ser humano e uma parede. Somos matérias com finalidade e objetos completos em nossas nuances. Não adianta querer ver seu mundo colorido pelo seus olhos verde.


- Como você sabe que meus olhos são verdes? Você não era daltônico?


- Só filosoficamente, mas nada que vá mudar o mundo de cor, muda apenas como eu vejo as coisas.

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